Após obtermos a semente perfeita, é hora de preparar o solo que a acolherá com a transferência embrionária, nutrindo assim o início de uma nova vida! Preparo endometrial natural ou artificial são opções.
Na jornada para realizar o sonho de ter um filho por meio da Fertilização in Vitro (FIV), planejamos cada etapa de forma individualizada. Inicialmente, nosso foco está em obter um bom embrião. Em seguida, nos dedicamos a preparar o útero para recebê-lo da melhor forma possível. Assim como uma semente necessita de um solo fértil para florescer, o endométrio precisa estar nas condições ideais para acolher o embrião, oferecendo um ambiente seguro e saudável para seu desenvolvimento.
Atualmente, existem três formas de preparar o endométrio: preparo em ciclo natural, preparo em ciclo artificial e ciclo natural modificado, que é uma abordagem mista.
O que é o preparo do endométrio?
O endométrio é a camada interna que reveste o útero e desempenha um papel crucial na implantação e no desenvolvimento do embrião. O preparo endometrial ocorre por meio da ação hormonal, especificamente do estrogênio e da progesterona. Esses hormônios alteram a constituição do tecido, tornando-o receptivo ao embrião.
Após a menstruação, o aumento crescente de estrogênio provoca a multiplicação de células endometriais, resultando em um endométrio mais espesso até atingir o aspecto trilaminar (composto por três lâminas). É o aspecto esperado para a transferência de embriões. Após a ovulação, o corpo lúteo se forma e começa a produzir progesterona, que finaliza o preparo dessa camada uterina, criando um ambiente favorável para a fixação e o sustento do embrião.
Assim, o preparo endometrial é uma etapa final de grande importância, garantindo que o endométrio seja o mais receptivo possível para a chegada do embrião.
Ciclo natural no preparo do endométrio
No preparo natural, acompanhamos o ciclo menstrual espontâneo da mulher e a produção natural de estrogênio e progesterona para identificar o melhor momento para a transferência do embrião. Utilizamos ultrassons transvaginais seriados e exames laboratoriais hormonais para esse acompanhamento.
Quando detectamos a ovulação, podemos realizar a transferência após cinco dias, quando o embrião se encontra em estágio de blastocisto, ou após três dias, quando o embrião está no estágio D3. Assim, o útero se prepara de forma orgânica, sem o uso de medicações hormonais. No entanto, o ciclo natural requer monitoramento mais frequente, exigindo que a paciente esteja disponível para ultrassons em datas variadas.
Ciclo natural modificado
No ciclo natural, também é possível utilizar medicações para potencializar ou aumentar o controle do preparo do endométrio, adotando uma estratégia mista. Por exemplo, podemos administrar o hormônio hCG (Ovidrel® ou Choriomon®) para desencadear a ovulação, aumentando a previsibilidade do dia ideal para a transferência do embrião.
Preparo do endométrio em ciclo artificial
Já no preparo em ciclo artificial, utilizamos medicações hormonais para provocar as mudanças endometriais necessárias, simulando o que ocorre em um ciclo natural. Nesse caso, no início do ciclo menstrual administramos o hormônio estradiol, em comprimidos ou gel, até que o endométrio atinja a espessura ideal (acima de 7 mm). Em seguida, introduzimos a progesterona, geralmente na forma de óvulos vaginais. Após três (embriões em D3) ou cinco dias (blastocisto), realizamos a transferência embrionária.
O preparo artificial permite um controle mais preciso do ciclo menstrual, o que facilita a programação da transferência de embriões
Preparo endometrial natural ou artificial: o que é melhor?
Cada método apresenta suas vantagens e desvantagens. Portanto, a escolha do preparo endometrial deve ser individualizada. Para algumas mulheres, um tipo específico pode ser mais eficaz que o outro. Às vezes, durante o tratamento, identificamos que um determinado protocolo não é adequado para a paciente. Não é raro mudarmos o curso do tratamento para alcançarmos resultados mais satisfatórios e o tão sonhado positivo.